Benfica prepara receção ao Arouca com novidades no treino e espírito de reação**
Um Benfica ferido, mas não derrotado
Após um pesado desaire na Liga dos Campeões, o Benfica de José Mourinho entra num momento decisivo da temporada. O Special One, especialista em enfrentar crises, sabe que o jogo frente ao Arouca, marcado para este sábado, 25 de outubro, no Estádio da Luz, representa muito mais do que três pontos. É um teste de personalidade, de reação e de capacidade de unir adeptos e plantel depois de uma exibição que deixou dúvidas quanto à solidez do projeto encarnado na Europa.
A derrota continental abalou a confiança, expôs debilidades táticas e levantou críticas à abordagem de Mourinho, sobretudo no capítulo ofensivo. Contudo, o treinador português mantém firme a convicção de que o plantel tem qualidade para dar a volta por cima. O jogo com o Arouca é, por isso, encarado como uma oportunidade de resposta imediata, de reconciliação com os adeptos e de reconstrução da narrativa vencedora.
Gianluca Prestianni, a surpresa do treino e nova esperança
A grande novidade do treino desta sexta-feira, 24 de outubro, foi Gianluca Prestianni. O extremo argentino, internacional sub-20, integrou pela primeira vez os trabalhos com a equipa principal e mostrou personalidade na forma como se adaptou ao grupo. A sua presença gera entusiasmo entre os adeptos, não só pelo talento reconhecido, mas pela forma como pode acrescentar imprevisibilidade, velocidade e criatividade ao ataque, algo que tem faltado ao Benfica nos momentos decisivos.
Prestianni pode não ser titular já frente ao Arouca, mas o simples facto de Mourinho o chamar aos treinos principais demonstra abertura para renovar ideias e trazer sangue novo ao plantel. A mensagem é clara: ninguém tem lugar garantido, e quem mostrar qualidade e atitude terá oportunidade.
Mourinho procura soluções e mexidas táticas
Depois da derrota europeia, espera-se um Benfica mais pragmático, equilibrado e intenso. Mourinho deverá mexer no meio-campo, reforçar a solidez defensiva e apostar em transições rápidas. A pressão alta, falha recorrente nas últimas partidas, deverá ser revista para evitar espaços nas costas e facilitar a vida aos adversários.
Jogadores como João Neves, Florentino e Kokçu estarão sob lupa, já que o treinador procura encontrar a dupla certa para dar consistência ao miolo. Há também expectativa sobre se Rafa Silva irá manter a titularidade, após críticas à sua eficácia no último jogo, e se Ángel Di María será poupado devido à gestão física.
Presenças e ausências no treino das águias
Além de Prestianni, José Mourinho contou com Gonçalo Sobral nos trabalhos de hoje. O jovem guarda-redes da equipa B e sub-23 está a ganhar espaço, sendo visto como uma opção de futuro para a baliza encarnada.
Em sentido inverso, Diogo Ferreira, Leandro Santos, Gonçalo Oliveira, Diogo Prioste e João Veloso não estiveram presentes, pois irão integrar a convocatória da equipa B que defronta o Feirense.
Entre as boas notícias, destaca-se a continuidade da integração de Manu Silva. O médio tem mostrado evolução tática e física, assumindo-se como opção cada vez mais séria para o plantel principal. Já Alexander Bah continua em recuperação, realizando trabalho individual no relvado antes de regressar ao ginásio. O lateral dinamarquês chegou mesmo a conversar com Mourinho, demonstrando proximidade e vontade de regressar rapidamente.
Lesões que preocupam Mourinho
O departamento médico continua ativo. As únicas ausências por lesão, além de Bruma e Nuno Félix, foram Amar Dedic. O internacional bósnio sofre de uma lesão muscular e está fora das opções para o confronto com o Arouca. É uma perda significativa, já que Dedic vinha sendo uma das peças mais consistentes no setor defensivo.
Mourinho terá de reajustar o corredor direito, seja com Morato adaptado, seja com a aposta em João Victor, o que provoca dúvidas sobre o equilíbrio defensivo da equipa. Esta ausência reforça a ideia de que o plantel precisa de profundidade e estabilidade física para enfrentar a carga competitiva de Liga, Champions e Taça.
Arouca chega à Luz sem pressão, mas com ambição
Do outro lado, o Arouca chega ao Estádio da Luz motivado, sabendo que não tem nada a perder. É uma equipa bem organizada, que privilegia o futebol apoiado e é perigosa nas bolas paradas. O treinador arouquense deverá apostar num bloco médio-baixo, tentando explorar erros do Benfica em transição defensiva, algo que tem sido recorrente nos jogos recentes.
Se o Benfica entrar ansioso, o Arouca pode tirar proveito dessa instabilidade emocional. Por isso, a gestão mental do jogo será tão importante quanto a tática.
A resposta emocional e a liderança de Mourinho
Mais do que aspetos técnicos, este jogo será um teste emocional. Mourinho, experiente em momentos de crise, tem procurado proteger o grupo, mas também exigir mais responsabilidade. O treinador português sabe que uma nova escorregadela pode aumentar a pressão interna e externa, afetando a tranquilidade do balneário e a confiança dos adeptos.
No discurso interno, pede intensidade, concentração máxima e respeito pelo adversário. No discurso público, assume a responsabilidade, mas também reforça que a época é longa e que as derrotas europeias não definem o sucesso da temporada.
Momento de verdade: reconquistar a Luz
O Estádio da Luz deverá ter uma boa moldura humana, mas os adeptos exigem atitude, garra e resultados. A partir das 20h39, o Benfica entra em campo não só para vencer, mas para convencer. Um triunfo sem brilho poderá aliviar a pressão, mas uma vitória com qualidade e empenho tem o poder de reaproximar a equipa dos sócios e adeptos.
Para Mourinho, é o momento de mostrar porque foi contratado: para liderar nos momentos difíceis, recuperar a confiança e construir uma equipa com identidade competitiva.
Conclusão: entre a tensão e a esperança
O confronto entre Benfica e Arouca pode ser o ponto de viragem de uma época que ainda vai no início, mas já conheceu altos e baixos. Mourinho está pressionado, mas não resignado. A entrada de jovens como Prestianni, o regresso gradual de Bah e a integração de Manu Silva alimentam esperança. Ainda assim, o Benfica precisa de transformar promessas em resultados.
Se responder com qualidade, intensidade e mentalidade vencedora, poderá virar a página do desaire europeu. Caso contrário, a crise pode aprofundar-se. Tudo se decide na Luz, num jogo que é mais do que futebol: é uma questão de orgulho, identidade e futuro.
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