Num sábado que pode ficar gravado na história do Sport Lisboa e Benfica como uma das eleições mais participadas de sempre, os sócios são chamados a escolher não apenas um presidente, mas um rumo. Num clima de desgaste institucional, frustração desportiva e desejo de renovação, as eleições do Benfica assumem uma importância que ultrapassa a escolha de nomes: definem o futuro do clube, dentro e fora das quatro linhas.
Um ato eleitoral que pode mudar o Benfica
As eleições do Benfica 2025 reúnem várias candidaturas que encarnam diferentes visões sobre o clube. A Lista B, de Martim Meyer, a Lista C, liderada por João Diogo Manteigas, e a Lista D, de Cristóvão Carvalho, convergem num ponto: esta votação é decisiva e pode marcar o início de uma nova era.
Segundo João Malha, Diretor de Campanha da Lista B, os benfiquistas votam num momento crítico:
“É um momento importante porque o Benfica tem vivido anos de gestão errática, desportiva e institucional. E porque a centralização dos direitos televisivos não pode ser decidida com inércia nem interesses obscuros.”
Já Tiago Godinho, da Lista C, reforça que esta é a oportunidade de virar a página dos últimos 20 anos.
“Cada eleição é decisiva, mas esta é a chance de libertar o Benfica do peso do passado.”
Cristóvão Carvalho, da Lista D, vai mais longe: ou o Benfica mantém um modelo esgotado, ou inicia “um novo ciclo, mais profissional, transparente e competitivo”.
Estas afirmações, alinhadas com o sentimento de muitos adeptos, transformam estas eleições numa encruzilhada histórica. Palavras-chave como futuro do Benfica, mudança na liderança, eleições Benfica e renovação institucional dominam o debate.
O mau momento desportivo influencia o voto?
A equipa principal de futebol vive um período de instabilidade, com resultados aquém das expectativas. Mas será que isso condiciona o voto?
• Lista B (Martim Meyer) – João Malha acredita que os sócios saberão separar o momento desportivo do que está realmente em causa:
“Os benfiquistas vão avaliar a liderança, a gestão, e não se a bola entra ou não no fim de semana.”
• Lista C (João Diogo Manteigas) – Tiago Godinho admite que os resultados influenciam o ambiente, mas lembra que o problema é mais profundo:
“O Benfica não pode continuar a gastar mais do que todos e ganhar menos. 4 títulos em 16 competições é insuficiente.”
• Lista D (Cristóvão Carvalho) – reconhece influência emocional, mas apela ao voto consciente:
“Futebol é a alma do Benfica, mas as eleições definem um futuro mais sólido, com planeamento e estabilidade.”
A análise é clara: embora o insucesso desportivo pese no estado de espírito dos adeptos, esta eleição ultrapassa o imediato. Os sócios querem soluções e não justificações.
Possível segunda volta: alianças, rutura e independência
As sondagens indicam Rui Costa e João Noronha Lopes como favoritos a passar à segunda volta. Mas o que farão as outras listas se não forem apuradas?
• Lista B recusa qualquer apoio. Para João Malha, nenhuma das candidaturas favoritas representa os interesses do clube.
“Não apoiaremos ninguém.”
• Lista C adota posição clara. Em caso de ausência na segunda volta, apoiará João Noronha Lopes, por representar a rutura com o passado liderado por Rui Costa e Luís Filipe Vieira.
“O Benfica tem de romper definitivamente com o passado.”
• Lista D mantém independência. Cristóvão Carvalho garante que o objetivo é estar na segunda volta, mas não descarta apoiar quem proteger melhor os sócios e o clube.
“Estarei sempre do lado do Benfica, não de interesses pessoais.”
Este cenário abre espaço para negociações, compromissos e tensões após o fecho das urnas. A segurança de uma segunda volta poderá exigir alianças estratégicas — algo novo no universo benfiquista.
Gestão, centralização e ambição: o que está realmente em jogo
Mais do que nomes, o que está em causa é um projeto para o clube. Entre os temas mais debatidos nesta campanha destacam-se:
• Centralização dos direitos televisivos — tema considerado crítico para a sustentabilidade financeira do Benfica nos próximos anos.
• Passivo e gestão financeira — a Lista B, por exemplo, apresenta propostas detalhadas para reduzir dívida e aumentar receitas com novos projetos como a expansão do Estádio da Luz e o “Benfica Global”.
• Benfica Campus e formação — há consenso sobre a necessidade de reforçar infraestruturas e transformar o Seixal num centro de excelência.
• Planeamento desportivo — fim do improviso, criação de estruturas de scouting profissional, contratação cirúrgica e modelo de jogo consistente.
• Relação com os sócios — apenas 17% votaram em 2021. Todas as listas falam em trazer os sócios de volta e combater o afastamento.
Estas palavras-chave — centralização de direitos, passivo do Benfica, Benfica Global, futebol profissional — são peças essenciais para entender a profundidade destas eleições.
Mensagem final aos benfiquistas
As três candidaturas deixam apelos claros:
João Malha (Lista B):
“Mostrámos o COMO. Explicámos como pagar dívidas, aumentar receitas e modernizar infraestruturas. Sem foguetes, sem populismo. Votem com consciência, não em vaidades.”
Tiago Godinho (Lista C):
“Votem com o coração, mas com razão. Nesta primeira volta, os benfiquistas não podem ter medo de ser Benfica.”
Cristóvão Carvalho (Lista D):
“Acreditem. O Benfica sempre cresceu quando teve coragem para mudar. Este é o momento.”
Conclusão: um Benfica à beira de uma nova era
Estas eleições não são apenas sobre escolher entre Rui Costa, João Noronha Lopes ou novos protagonistas. São sobre decidir que Benfica os sócios querem:
• um clube preso ao passado, ou um projeto de futuro;
• um gigante virado para dentro, ou um Benfica global, transparente e moderno;
• um clube emocional, ou um clube estrategicamente preparado para vencer.

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