Benfica admite vender António Silva bem abaixo da cláusula
O Benfica vive um momento de reflexão em torno de um dos seus maiores ativos: António Silva, o jovem defesa-central internacional português que, há apenas um ano, era considerado inegociável. Segundo apurou o Glorioso 1904, a administração encarnada, liderada por Rui Costa, está disposta a ouvir propostas na ordem dos 30 a 40 milhões de euros, um valor significativamente inferior à cláusula de rescisão de 100 milhões prevista no contrato do jogador.
A mudança de postura explica-se por vários fatores — desde a quebra de rendimento do jogador até à crescente pressão de Jorge Mendes, empresário que tem sido uma peça determinante no dossiê.
O início promissor e a quebra exibicional
A temporada começou da melhor forma para António Silva. O defesa formado no Seixal foi um dos destaques do Benfica no Mundial de Clubes, demonstrando frieza, posicionamento e capacidade de antecipação típicas de um central maduro.
No entanto, o rendimento do jovem de 21 anos tem vindo a decair nas últimas semanas. Exibições menos seguras e alguns erros em partidas de alta exigência — como frente ao Newcastle, para a Liga dos Campeões — levantaram dúvidas dentro e fora do clube.
Há quem considere que o jogador sofre com o excesso de pressão e responsabilidade. Outros apontam o dedo à falta de um parceiro estável no eixo da defesa, algo que tem afetado a sua confiança e desempenho.
“António Silva continua a ter um potencial enorme, mas está a precisar de uma pausa e de uma nova motivação”, comenta um antigo dirigente encarnado ao Glorioso 1904.
Um dossiê complexo: Jorge Mendes e a renovação difícil
Para além do momento desportivo, as negociações contratuais entre António Silva e o Benfica estão longe de ser pacíficas. O atual vínculo termina em junho de 2027, e o clube pretendia antecipar uma renovação com melhoria salarial e aumento da cláusula de rescisão.
Contudo, Jorge Mendes — que já tinha demonstrado insatisfação no passado por falta de minutos de jogo — não está disposto a ceder facilmente. O superagente acredita que o jogador está pronto para uma transferência para um dos grandes clubes da Premier League, onde há várias equipas a observá-lo de perto, nomeadamente Manchester United, Newcastle e Tottenham.
Esta postura tem gerado tensão. Rui Costa, prudente e consciente da necessidade de equilibrar as contas, vê na venda de António Silva uma oportunidade de encaixe financeiro sem comprometer o projeto desportivo.
O dilema de Rui Costa: vender agora ou esperar?
O Benfica tem plena noção de que António Silva não atravessa o seu melhor momento, mas também sabe que o mercado inglês continua a valorizar defesas jovens e com margem de crescimento.
Rui Costa e a direção encarnada ponderam, por isso, vender o jogador no próximo mercado de verão, numa altura em que o clube pode preparar com calma um substituto à altura.
Segundo informações apuradas, uma proposta entre 30 e 40 milhões de euros poderá ser suficiente para desbloquear as conversas. Embora o valor esteja bem abaixo da cláusula, representa um lucro considerável tendo em conta o investimento inicial praticamente nulo, fruto da formação no Centro de Treinos do Seixal.
Substituto à vista? Mercado já está a ser analisado
Com a possível saída de António Silva, o Benfica já terá iniciado a prospeção de mercado. A prioridade é clara: encontrar um central jovem, com potencial de valorização e experiência internacional mínima.
Nomes como Oumar Solet (RB Salzburgo) e Kevin Danso (Lens) foram recentemente associados ao clube, embora ainda não existam negociações oficiais.
O perfil procurado deverá combinar robustez física, boa saída de bola e capacidade de liderança, atributos que caracterizam o estilo de jogo idealizado por Roger Schmidt.
A importância simbólica de António Silva no projeto do Seixal
A possível venda de António Silva representa mais do que uma simples transação financeira: é um teste à filosofia do Seixal.
O jovem central é o exemplo mais visível da aposta encarnada na formação, sendo visto como o sucessor natural de Rúben Dias, que também saiu cedo rumo à Premier League.
Perder António Silva nesta fase pode ser interpretado como um sinal de fragilidade desportiva, mas também como uma prova de sustentabilidade económica — um equilíbrio que Rui Costa tenta manter desde o início do seu mandato.
Estatísticas e impacto na temporada
Nesta época, António Silva soma 17 jogos oficiais e 1.435 minutos disputados com a camisola do Benfica.
Distribuídos da seguinte forma:
• 7 jogos na Liga Portugal Betclic
• 7 na Liga dos Campeões
• 1 na Taça de Portugal
• 1 na Taça da Liga
• 1 na Supertaça Cândido de Oliveira
Apesar das oscilações de forma, continua a ser um dos defesas mais utilizados por Roger Schmidt, o que demonstra a confiança do treinador na sua evolução.
Opinião: entre a paciência e a pressão
António Silva é, sem dúvida, um talento raro. Mas o futebol moderno nem sempre oferece tempo para amadurecer.
O Benfica, que vive sob a exigência de resultados imediatos, enfrenta um dilema clássico: proteger o jogador ou capitalizar o ativo.
Do ponto de vista desportivo, a melhor opção seria manter António Silva até final da época e ajudá-lo a recuperar a confiança. Contudo, o contexto financeiro e a pressão dos empresários podem precipitar uma decisão mais pragmática.
“O Benfica precisa de vender para continuar a investir. É uma realidade que todos os adeptos têm de aceitar”, sublinha um ex-jogador encarnado à nossa redação.
Conclusão: um dossiê em aberto que vai marcar o defeso
Com o contrato a expirar em 2027, a relação tensa com Jorge Mendes e as flutuações exibicionais recentes, o futuro de António Silva está mais incerto do que nunca.
Rui Costa terá de decidir se prefere apostar na recuperação desportiva do central ou garantir um encaixe financeiro já no próximo mercado.
Certo é que o Benfica continua a ser um dos clubes europeus com maior capacidade de valorização de jovens talentos, e António Silva é apenas mais um capítulo dessa história.
Se a venda se concretizar por 30 ou 40 milhões de euros, o negócio poderá ser visto como estrategicamente inteligente, mesmo que desagrade a uma parte dos adeptos que ainda acredita no potencial do central português.

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