Rui Costa confia no plantel do Benfica, mas admite mexidas no mercado de inverno

 


Rui Costa mantém confiança e afasta cenário de crise no Benfica


O presidente do Benfica, Rui Costa, veio a público reforçar a confiança no plantel encarnado, numa altura em que o clube enfrenta críticas após a derrota frente ao Newcastle na Liga dos Campeões. Apesar dos sinais de instabilidade e do debate sobre a qualidade do plantel, Rui Costa recusa qualquer ideia de “descalabro” e garante que a época está longe de estar comprometida.


Em entrevista à RTP, o líder encarnado admitiu que a equipa atravessa um momento difícil, mas sublinhou que existe “qualidade suficiente” para dar a volta à situação. “Este plantel pode resolver o problema facilmente. Há jogadores que ainda precisam de aparecer mais, que não mostraram o que esperamos deles”, afirmou, defendendo que o potencial existe — falta apenas ser concretizado dentro de campo.


O impacto da derrota com o Newcastle e o peso das críticas


A derrota frente ao Newcastle veio aumentar a pressão sobre José Mourinho e sobre o grupo de trabalho. Muitos adeptos e comentadores questionaram as opções táticas, a falta de rotatividade e a ausência de soluções criativas no ataque. Alguns chegaram a apontar falhas na construção do plantel, especialmente em setores como laterais, meio-campo defensivo e segundo avançado.


Rui Costa reconheceu essas críticas, mostrando empatia com o descontentamento dos adeptos, mas sem abdicar da sua convicção. “Eu percebo o que Mourinho quer dizer. A olhar de fora, posso considerar que o Benfica tem um grande plantel, e a trabalhar com ele pode pensar que falta uma pedra ou outra”, comentou.


Esta declaração abre uma porta para a discussão interna sobre possíveis reforços, mas também protege o treinador, mostrando união na estrutura encarnada.


Mercado de inverno: hipótese real, mas não imediata


Uma das frases mais marcantes da entrevista foi a abertura ao mercado de janeiro. Embora Rui Costa tenha afirmado que “não é tempo de falar já do mercado de janeiro”, deixou implícito que podem existir movimentos, sobretudo se até lá o rendimento da equipa não melhorar.


Possíveis posições a reforçar

Lateral esquerdo, para dar concorrência a Grimaldo.

Médio defensivo, capaz de oferecer equilíbrio tático.

Extremo direito ou segundo avançado, para aumentar criatividade ofensiva.

Central experiente, caso se verifiquem saídas inesperadas.


Contudo, Rui Costa também reforçou que esta não é uma solução milagrosa. O foco imediato está no que existe dentro do Seixal. “Temos um problema para resolver agora”, afirmou, num claro apelo à responsabilização dos atletas.


Mourinho e o pouco tempo para treinar: fator decisivo


Outro ponto essencial abordado foi a falta de tempo para treinos, especialmente desde a chegada de José Mourinho. “O facto de não termos tempo para treinar é um handicap muito grande, nomeadamente para Mourinho, que acabou de chegar”, disse Rui Costa.


Esta declaração revela duas coisas:

1. Rui Costa protege Mourinho, reconhecendo que o treinador ainda não teve oportunidade de implementar totalmente o seu modelo de jogo.

2. Existe compreensão interna do processo de adaptação, o que contrasta com a impaciência de alguns sectores da massa adepta.


Análise: há qualidade, mas falta identidade tática


Apesar da confiança de Rui Costa, é inegável que o Benfica ainda não apresentou uma identidade clara dentro de campo. O futebol apresentado oscila entre momentos de domínio com posse de bola e períodos de desconcentração defensiva. Há jogos em que os encarnados criam oportunidades suficientes para vencer, mas falta eficácia e consistência.


Do ponto de vista tático, a equipa de Mourinho parece estar num “entre-espaço”: não é, ainda, uma equipa de posse elaborada, nem uma formação agressiva de transições rápidas. Falta uma ideia consolidada, algo que só virá com tempo e treinos — exatamente o que Rui Costa destacou como grande obstáculo.


Jogadores que ainda não renderam o esperado


Rui Costa fez questão de mencionar que há jogadores “que ainda não mostraram o que se espera deles”. Entre os nomes mais falados pelos adeptos e comentadores, destacam-se:

Ángel Di María – experiência incontestável, mas irregularidade física.

Arthur Cabral – contratado como goleador, mas ainda aquém das expectativas.

Florentino ou João Neves? – indefinição no meio-campo defensivo.

Bah e Morato – qualidade defensiva, mas inconsistência nos momentos decisivos.


Estas situações demonstram que o problema não está apenas nas contratações, mas também na capacidade de potenciar os talentos dentro do plantel.


Época está em aberto: confiança ou discurso para acalmar adeptos?


“A época está toda em aberto”, garantiu Rui Costa. Esta frase pode ser interpretada de duas formas:

1. Mensagem de confiança realística, acreditando que o Benfica ainda pode competir pelo título nacional, Taça de Portugal e avançar nas competições europeias.

2. Estratégia de comunicação, para evitar que o ambiente à volta da equipa se torne tóxico e afete o rendimento dos jogadores.


Independentemente da interpretação, é claro que Rui Costa pretende evitar um clima de desunião e instabilidade.


O que esperar do Benfica nas próximas semanas?


Com jogos decisivos no campeonato e na Liga dos Campeões, o Benfica entra numa fase crucial da temporada. Se os resultados forem positivos, o discurso de Rui Costa será visto como visionário. Caso contrário, a pressão sobre Mourinho e a direção aumentará significativamente.


Conclusão: confiança, prudência e responsabilidade


Rui Costa encontrou o equilíbrio entre confiança e realismo. Defendeu o grupo, protegeu o treinador e assumiu que, se necessário, o Benfica irá ao mercado de inverno. Mas deixou claro: a solução imediata está dentro de casa.


O plantel encarnado tem qualidade, mas precisa de identidade, consistência e tempo para trabalhar. O discurso de Rui Costa é um apelo à calma, sem esconder a exigência que se impõe a um clube da dimensão do Benfica.


Se a equipa corresponder em campo, este será apenas um capítulo de superação. Se falhar, janeiro ganhará outra importância — não apenas para reforços, mas para decisões estruturais.

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