Sporting sofre castigo severo da FPF após incidentes com adeptos no Estádio de Alvalade

 


A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), através do seu Conselho de Disciplina presidido por Pedro Proença, aplicou uma sanção significativa ao Sporting Clube de Portugal, referente aos acontecimentos que se verificaram há cerca de dois meses no jogo frente ao FC Porto. O episódio, que voltou a colocar os comportamentos dos adeptos sob escrutínio, resultou no encerramento parcial do Estádio de Alvalade e na aplicação de uma multa considerável à SAD leonina.


Penalização e valores aplicados


O Conselho de Disciplina decidiu a interdição temporária do setor A17 da Bancada Norte por um jogo, acrescida de uma multa de 150 Unidades de Conta, correspondentes a €15.300. Este castigo surge na sequência de atos cometidos por alguns adeptos que arremessaram objetos para dentro do campo, mesmo que sem causar danos diretos a jogadores ou árbitros.


Segundo o acórdão, “em cúmulo material, condena-se a arguida na pena única de interdição temporária do setor A17, Bancada Norte, por um (1) jogo, acrescida da sanção de multa no valor de 150 UC, a que corresponde o montante de €15.300,00”. Além disso, a decisão detalha outras penalizações, como a multa de 5.100€ por “agressões simples com reflexo no jogo” e uma coima de 10.200€ pelo “arremesso de objeto sem reflexo no jogo”, já considerando a reincidência como fator agravante.


O que motivou a sanção


O foco da Federação recai sobre comportamentos específicos de adeptos durante o clássico entre Sporting e Porto, incluindo episódios protagonizados por Zaidu e William Gomes, sem que os objetos lançados tenham atingido diretamente os participantes do jogo. Apesar da ausência de consequências físicas para os jogadores, o Conselho de Disciplina sublinha que a SAD leonina “não fez tudo que estava ao seu alcance para prevenir” tais atos.


Este ponto é crucial e reflete a responsabilidade das equipas em garantir a segurança dentro do estádio, mesmo quando os incidentes são provocados por uma minoria de adeptos. A Federação reforça a ideia de que os clubes têm obrigação de implementar medidas preventivas, reforçando protocolos de controlo de entradas, vigilância nas bancadas e comunicação imediata com a segurança.


Absolvições e situações atenuantes


Apesar da sanção aplicada, o Sporting foi ilibado de acusações mais graves, como “agressões graves a espectadores e outros intervenientes”. O clube também não foi responsabilizado pelos ferimentos de 17 adeptos, ocorridos durante os festejos de adeptos do Porto que quebraram vidros e provocaram ferimentos.


Este ponto demonstra que a Federação procurou separar os atos de uma minoria de adeptos do comportamento geral da organização, evitando imputar responsabilidades excessivas ao clube. No entanto, a penalização evidencia que qualquer falha na prevenção ou controlo de incidentes dentro do estádio pode resultar em sanções financeiras e operacionais.


Análise: a lição para clubes e adeptos


O episódio serve como alerta para todos os clubes da Liga portuguesa: a responsabilidade sobre a segurança não é apenas da polícia ou da organização do estádio, mas também da administração do próprio clube. A suspensão parcial de setores específicos do estádio é uma medida que afeta diretamente a receita e a imagem do clube, além de enviar uma mensagem clara aos adeptos: comportamentos inadequados terão consequências.


Do ponto de vista da opinião pública, esta decisão reforça a necessidade de educação e consciencialização entre os adeptos. A presença de câmeras, a atuação rápida de stewards e a colaboração com as autoridades são essenciais para prevenir episódios que possam manchar a imagem de clubes de topo como o Sporting.


Contexto recente: prémios aos atletas


Curiosamente, o mesmo Conselho de Disciplina que aplicou esta sanção também premiou recentemente dois elementos da equipa verde e branca, reconhecendo desempenhos exemplares em campo. Este contraste entre reconhecimento desportivo e penalização disciplinar evidencia que a FPF procura manter um equilíbrio entre a valorização do mérito individual e a responsabilidade coletiva.


É uma demonstração de que o futebol português não só avalia a performance em campo, mas também observa atentamente a gestão do comportamento dos adeptos, atribuindo responsabilidades claras aos clubes.


Impacto no Sporting e reação dos adeptos


Para o Sporting, a penalização terá impacto direto na gestão do estádio, principalmente no que diz respeito à alocação de bilhetes e controlo de público em setores específicos. O setor A17, alvo da interdição, é conhecido por concentrar adeptos mais fervorosos, pelo que o clube terá de implementar medidas adicionais para evitar reincidência.


Entre os adeptos, a decisão provocou reações mistas. Enquanto uns reconhecem a necessidade de responsabilidade e regras claras, outros criticam o que consideram um castigo excessivo, dado que não houve consequências físicas diretas para jogadores ou árbitros. Esta tensão entre disciplina e paixão dos fãs é um dilema recorrente no futebol moderno, onde emoção e segurança nem sempre caminham lado a lado.


Perspectiva legal e disciplinar


Do ponto de vista jurídico desportivo, a decisão do Conselho de Disciplina está bem fundamentada, aplicando o princípio da proporcionalidade entre gravidade do ato e sanção. A combinação de interdição de setor e coimas financeiras é uma prática recorrente na Liga portuguesa, refletindo a importância que a FPF atribui à manutenção da ordem e segurança nos estádios.


Além disso, a consideração da reincidência como agravante é um alerta para clubes que enfrentam problemas recorrentes com determinados setores de adeptos, reforçando a necessidade de uma gestão mais proativa e eficaz.


Conclusão: uma chamada à responsabilidade


O caso do Sporting demonstra que a responsabilidade dos clubes vai muito além do desempenho em campo. Garantir que os adeptos mantenham comportamento adequado é essencial não só para evitar sanções, mas também para preservar a reputação da instituição.


As sanções aplicadas pelo Conselho de Disciplina da FPF reforçam que a Federação não hesita em atuar de forma rigorosa quando se verifica incumprimento das normas, mesmo que os atos não causem diretamente danos físicos. Para o Sporting, a lição é clara: prevenção, controlo e comunicação eficaz são indispensáveis para evitar repetir episódios que mancham a imagem do clube e colocam em risco a segurança de todos.


Ao mesmo tempo, este episódio abre uma reflexão mais ampla sobre a cultura de adeptos em Portugal, destacando a necessidade de um equilíbrio entre paixão pelo clube e respeito pelas regras que garantem a segurança nos estádios. O futebol é emoção, mas também é responsabilidade — e a FPF deixa esta mensagem bem clara para todas as equipas e seus seguidores.

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